sábado, 10 de agosto de 2013

Águas de interdisciplinaridade...


Eu estava super ansiosa para chegar em casa hoje! Minha semana começou com atropelos que me paralisaram (amigas obrigada pela força! S2)... seguiram os dias e tive felizes surpresas que me fazem estar radiante nessa sexta feira chuvosa em Porto Alegre! Esse semestre iniciou como se fosse ano novo, estou com a sensação de novos ares, novas possibilidades de conquistas, meu coração está esperançoso e de certa forma isso é legal, mesmo que eu não saiba bem explicar o porquê estar sentindo isso.

Um fator que me deixou muito satisfeita nesse retorno às aulas foram as disciplinas escolhidas para este semestre. É compreensível para algumas pessoas pensar em uma acadêmica de nutrição cursando alguma disciplina da psicologia como disciplina optativa (em outras instituições podem chamar de disciplinas eletivas ou não obrigatórias...) afinal, são dois cursos com o pé na saúde e que em alguns momentos se cruzam, andam junto etc e tal. Mas definitivamente as pessoas pesam que sou, no mínimo, maluca por cursar disciplinas do Serviço Social e Jornalismo. Curioso observar a reação das pessoas no momento das apresentações na turma em ver alguém de uma área aparentemente desconexa da sua como colega. "Essa disciplina é indispensável para um bom psicólogo!", "Nutrição, aqui? O que faz aqui no jornal, amiga?", "Todos aqui são futuros assistentes sociais, correto?", "mas... o que isso tem a ver com nutrição?" foram frases que ouvi ao longo da semana, frases que comprovam ou a minha insensatez ou a multiplicidade do ser que vos escreve.

Mul-ti-dis-ci-pli-na-ri-da-de, multidisciplinaridade, que palavrão! Segundo o Dicionário Interativo da Educação, esse termo significa: "conjunto de disciplinas a serem trabalhadas simultaneamente, sem fazer aparecer as relações que possam existir entre elas, destinando-se a um sistema de um só nível e de objetivos únicos, sem nenhuma cooperação.". Confesso que essa palavra não é suficiente para me descrever, já que podemos pensar que existem muitas coisas "multi" que nos cercam: um ônibus cheio de gente é multi, os currículos acadêmicos/escolares são multi, um shopping é multi, a bolsa de uma mulher é multi, dependendo da bolsa põe multi nisso! É fácil colocar várias coisas diferentes em um mesmo lugar, difícil é relacionar todas essas coisas fazendo uma integração, produzindo algo, respondendo algo, transformando algo. Um dia eu ouvi que ruim ser uma pessoa multi, na hora eu fiquei chateada, descordante e incomodada! Como assim não posso ser multi? Como assim é ruim ser multi? Hoje, pensando sobre outra ótica eu concordo com essa afirmação desde que seja para dizer que bom é interdisciplinar, bom é relacionar, integrar, misturar

Gosto de pensar que vou poder pegar toda a paixão pela Nutrição que me foi mostrada pelas professorasPatologia e Fundamentos da dietoterapia e juntar com os mistérios da Semiótica, as contextualizações históricas de Brasil e RS: Cenários Sociais e o dinamismo de Processos Grupais, reunindo tudo dentro da minha mente e ao liquidificar com toda a bagagem que eu já tenho e ver no que vai dar não só ao final do semestre como na minha vida. Claro! Não podemos ficar divagando na superficialidade das áreas de conhecimento, isso é um fato. Eu preciso/devo sair da graduação sendo uma boa nutricionista, exercendo bem minhas funções como profissional "de saúde, que, atendendo aos princípios da ciência da Nutrição, tem como função contribuir para a saúde dos indivíduos e da coletividade. Ao nutricionista cabe a produção do conhecimento sobre a Alimentação e a Nutrição nas diversas áreas de atuação profissional, buscando continuamente o aperfeiçoamento técnico-científico, pautando-se nos princípios éticos que regem a prática científica e a profissão.". Não fui eu quem escreveu tão bem essas palavras sobre o profissional nutricionista, isto consta no código de ética da profissão. Como contribuir para a saúde dos indivíduos e da coletividade? A graduação mostra alguns caminhos, não todos, cada colega deve escolher por qual placa de orientação vai seguir, o primordial é não se deixar engessar e buscar sempre novas realidades mesmo nos cenários já conhecidos.

Pra mim é triste pensar em um mundo sem cooperação, sem empatia com o próximo. É difícil pra mim entrar em uma sala de aula sem perguntar quem são as pessoas que passarão no mínimo 20 noites ao meu lado. É triste pensar que muitas vezes eu entro e saio de uma sala de aula e não interajo com absolutamente ninguém, simplesmente chego, sento, escuto, escuto e escuto mais um pouquinho e vou embora levando algumas informações dentro de mim que podem daqui há algum tempo (talvez no máximo até o período de provas) cair no mar do esquecimento. Do que adianta serem criadas disciplinas multidisciplinares, onde vários cursos podem estar juntos com o mesmo professor, se não há uma inter-relação entre os cursos, eu entro e saio e ninguém fica sabendo o que a nutrição pensa sobre os temas abordados na aula. Essa dinâmica mecânica extrapola os muros das universidades fazendo com que sejamos multi em um mundo que que é inter, basta observar a natureza e perceber como tudo se relaciona, há uma sinergia que em algum momento desaprendemos. É por isso que eu tenho me permitido abrir espaço para o novo e não somente oportunizar que simplesmente esteja em mim como se eu fosse um depósito, mas que seja dinâmico e contínuo como um rio que por mais que pareça igual é diferente, mutável e transparente. 

"É pau, é pedra, é o fim do caminho, é um resto de toco, é um pouco sozinho, é um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã, é um belo horizonte, é uma febre terçã [...] São as águas de março fechando o verão, é a promessa de vida no teu coração". 

É a vida maluca cheia de coisas para viver e que triste seria se não pudéssemos mesclar para ver o resultado. São as águas de interdisciplinaridade construindo minha formação, uma esperança de vida no meu coração. 

Um comentário:

  1. Sabe, Bru... Eu tinha um blog (tenho ainda, na verdade, mas nunca mais escrevi), depois de ler tudo isso... Até fico com vergonha de escrever, sabendo tao pouco sobre tanta coisa nesse mundo! Hahaha'
    Eu gosto muito de escrever e me identifico com a tua maneira de expressar teus sentimentos e percepçoes através das palavras. Por vezes lendo varios dos teus textos me lembrei que ja tive questionamentos iguais aos teus, mas talvez por nao ter estimulo, permaneci apenas refletindo sobre. Acho linda a tua maneira de enxergar o mundo, as pessoas, a vida. Que sirva de incentivo pra ti sempre continuar nessa visao! Sempre com muita fé! Deus se agrada de cada detalhe, pode ter certeza :)
    Beijo, querida!

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