domingo, 23 de junho de 2013

Nutrição, sua linda! - Aleitamento Materno

Oi gente! Quero começar a escrever sobre o meu curso tão querido. Apesar dos pânicos antes das provas a cada semestre eu me apaixono mais por essa área que tem me ensinado muito. Claro que existem brasas da Saúde Coletiva ascendendo em mim a cada dia, mas agradeço às professoras que tem acompanhado a minha caminhada, respondendo minhas dúvidas, me mostrando coisas novas e perdoando minhas faltas (risos), às nutris da UNISINOS, sejam colegas ou profis, meu muito obrigada e que essa nova temática possa ser produtiva não somente para meu registro mas para outras colegas antigas ou não do curso. Fiquem a vontade para copiar, compartilhar, até porque esse conhecimento não é meu, me foi apresentado e sim, deve ser espalhado a todos.

Este texto está embasado, principalmente, no Caderno de Atenção Básica nº 23 - SAÚDE DA CRIANÇA: Nutrição Infantil que traz a temática sobre Aleitamento Materno e Alimentação Complementar. No currículo do curso de Nutrição o qual faço parte esse assunto é tratado na disciplina Nutrição nos Ciclos da Vida I, além deste assunto falamos sobre a gestação, como é este processo para a mulher, o desenvolvimento do feto sobre uma temática de conhecer as mudanças fisiológicas e demandas nutricionais, como futura nutricionista nada mais justo que eu tenha conhecimento sobre esses temas. Esta é uma disciplina densa, muitas informações, parâmetros e condições devem ser conhecidos para que as análises e futuras condutas técnicas a serem tomadas sejam eficientes no apoio à mãe e ao bebê nessa etapa que inicia na concepção de um novo ser e prolonga-se pelo menos até o segundo ano de vida, aproximadamente. 

Alimentação é a base para a manutenção da vida, são através dos alimentos que nosso corpo retira os
substratos necessários para produzir a energia que nos permite desenvolver as atividades rotineiras de cada dia. Os hábitos alimentares são estabelecidos desde o início da vida de cada pessoa, e a partir dessa consolidação somados a outros hábitos de cada um que vão se expressar um estilo de vida saudável ou não. Os aspectos dos alimentos a serem consumidos por cada indivíduo devem suprir suas necessidades quanto a quantidade, qualidade, adequação e harmonia. Cada fase da vida demanda uma forma de alimentação diferente e dentro disso podemos iniciar falando do Aleitamento Materno, sendo o leite a criação da natureza para suprir as necessidades dos pequenos seres vivos que vem a este mundo todos os dias. 

O leite materno é um alimento completo, vivo e complexo que se molda em sua quantidade de nutrientes conforme a idade do bebê; nele estão contidos todos os nutrientes necessários: carboidratos, ácidos graxos, proteínas, vitaminas e minerais, além da água para hidratação. O leite é um alimento produzido por todos os mamíferos, mas cada espécie produz um leite específico para sua prole. Em humanos, o aleitamento materno não é um assunto estudado somente pela ciência da Nutrição, já que essa prática é fundamental para o estabelecimento do vínculo entre mãe/bebê, o que só confirma que essa prática é benéfica em muitos aspectos para a construção familiar que constrói a identidade de um indivíduo dentro de sua sociedade.
O Ministério da saúde (MS) afirma (2009) que:

“A infância é um período em que se desenvolve grande parte das potencialidades humanas. Os distúrbios que incidem nessa época são responsáveis por graves consequências para indivíduos e comunidades. O aleitamento materno é a mais sábia estratégia natural de vínculo, afeto, proteção e nutrição para a criança e constitui a mais sensível, econômica e eficaz intervenção para redução da morbimortalidade infantil. Permite ainda um grandioso impacto na promoção da saúde integral da dupla mãe/bebê e regozijo de toda a sociedade. Se a manutenção do aleitamento materno é vital, a introdução de alimentos seguros, acessíveis e culturalmente aceitos na dieta da criança, em época oportuna e de forma adequada, é de notória importância para o desenvolvimento sustentável e equitativo de uma nação, para a promoção da alimentação saudável em consonância com os direitos humanos fundamentais e para a prevenção de distúrbios nutricionais de grande impacto em Saúde Pública. Porém, a implementação das ações de proteção e promoção do aleitamento materno e da adequada alimentação complementar depende de esforços coletivos intersetoriais e constitui enorme desafio para o sistema de saúde, numa perspectiva de abordagem integral e humanizada”

Não somente o governo brasileiro pensa dessa forma, mas a comunidade mundial incentiva o aleitamento materno, a Organização Mundial de Saúde (OMS) destaca a importância de ações dos profissionais em saúde que apoiem às mães no incentivo ao aleitamento, para isso fazem-se necessários estudos para entender as necessidades desse público, possíveis complicações fisiológicas e alternativas viáveis para adequação dessa prática conforme a cultura e condição de cada caso. A OMS, juntamente ao MS recomendam aleitamento exclusivo por seus meses de idade e completado até os dois anos ou mais. A explicação para o aleitamento exclusivo é que antes do nascimento, o bebê faz uma reserva de um mineral no seu corpo a partir das reservas maternas, o ferro. Esta reserva tem a duração de aproximada de seis meses para o bebê, após esse período deve-se implementar alimentos que possam estar suprindo essa necessidade, já que o leite materno não possui em sua constituição este mineral. Também, é levado em consideração que a definição do período adequado para iniciar a introdução dos alimentos deve levar em consideração a maturidade fisiológica e neuromuscular da criança e as necessidades nutricionais. Em função dessas limitações funcionais, até os seis meses de idade a criança está prepara para receber basicamente refeições líquidas, no caso, o leite materno.

Inserção de alimentos antes dessa idade não estabelece nenhuma vantagem para o lactente (criança que mama), podendo inclusive, trazer prejuízos à saúde da criança, já que está associada a: Maior número de episódios de diarreia; Maior número de hospitalizações por doença respiratória; Risco de desnutrição se os alimentos introduzidos forem nutricionalmente inferiores ao leite materno, como, por exemplo, quando os alimentos são muito diluídos; Menor absorção de nutrientes importantes do leite materno, como o ferro e o zinco; Menor eficácia da lactação como método anticoncepcional; Menor duração do aleitamento materno.

Quando é falado em aleitamento materno exclusivo significa que a alimentação da criança está restrita somente ao leite materno, sem a oferta de chás, água e/ou outros líquidos ou alimentos complementares. Existem outras categorias de aleitamento que foram nomeadas conforme o seu estabelecimento: predominante – quando a criança recebe, além do leite materno, água ou bebidas à base de água (água adocicada, chás, infusões), sucos de frutas e fluidos rituais¹; materno – quando a criança recebe leite materno (direto da mama ou ordenhado), independentemente de receber ou não outros alimentos; complementado – quando a criança recebe, além do leite materno, qualquer alimento sólido ou semi-sólido com a finalidade de complementá-lo, e não de substituí-lo. Nessa categoria a criança pode receber, além do leite materno, outro tipo de leite, mas este não é considerado alimento complementar, e; misto ou parcial – quando a criança recebe leite materno e outros tipos de leite.

A díade mãe/bebê é uma relação complexa, são muitos acontecimentos simultâneos que estão em constantes modificações emocionais, físicas e fisiológicas. Não é suficiente para o profissional de saúde ter conhecimentos “básicos” e habilidades técnicas em aleitamento materno. Fazem-se muito necessárias competências que vão além do conhecimento técnico, competências de se comunicar com eficiência, saber lidar com a fragilidade da díade e estabelecer o vínculo necessário para que a mãe sinta-se segura em seguir as orientações e condutas necessárias para a eficácia dos meses de aleitamento materno exclusivo, manejo, inserção da alimentação complementar, entre outros. Uma ferramenta potente para isso é o aconselhamento, entendendo que aconselhar não está relacionado com a condução impositiva da mãe para realização das condutas; significa sim, ajudá-la a tomar decisões, após ouvi-la, entendê-la e dialogar com ela sobre os prós e contras de cada opção. De acordo com o Ministério: “o aconselhamento, é importante que as mulheres sintam que o profissional se interessa pelo bem-estar delas e de seus filhos para que elas adquiram confiança e se sintam apoiadas e acolhidas. Em outras palavras, o aconselhamento, por meio do diálogo, ajuda mulher a tomar decisões, além de desenvolver sua confiança no profissional”.

Muitas coisas para lembrar, isso que ainda não mencionei o manejo da pega do lactente, possíveis complicações durante a amamentação e a inserção da alimentação complementar após os seis meses. E este é somente um assunto de metade do semestre de uma disciplina, pensa que ser nutricionista é fácil? Fico pasma quando paro para pensar em tudo o que já aprendi nestes meus sete semestres de faculdade, lembrar que existem muitas outras especificidades em profissão da saúde, cada detalhe a ser entendido e praticado, mas toda esse viés da humanização e interdisciplinaridade. Com tudo isso muitas certezas ditas por ai me confundem, entre elas o Ato Médico, opa, sem polêmica! Mais um assunto que dá muito pano pra manga e como estou em véspera de prova não vou nem começar (risos)...  Escrever também é uma forma de estudar e assim que terminar meus estudos escrevo mais. 

Semilla no porongo

Equipe Verão 2012 - POA/GCC
O que estou fazendo acordada a essa hora? Não sei... tive um bom dia, mas mesmo os bons dias podem ser cansativos, ainda mais num Sábado onde meu maior desejo era dormir o dia inteiro! De qualquer forma ainda estou aqui, sentada em frente ao computador e depois de alguns e-mails respondidos, leitura de alguns sites e alguns novidades do facebook (estudar que é bom, nada né?!) lembrei de um blogue que me deixou com saudades de um momento que tem sido bom da minha vida: Semilla no porongo.

Não é novidade para as pessoas que convivem comigo me ouvir falar do VER-SUS, um projeto que caiu de paraquedas no meu colo no verão de 2012 e que até hoje tem sido muito presente nos meus dias, agenda, e-mail, lista telefônica. Já escrevi muito sobre isso, mas não no meu cantinho e hoje vou discorrer um pouco sobre essa proposta que abriu meus olhos para muitos "detalhes" da saúde. 

VER-SUS é uma sigla que significa: Vivências e Estágios na Realidade do Sistema Único de Saúde, ou seja, é um estágio. O que um estágio? É o exercício supervisionado de uma pessoa com atribuição de uma área qualquer a fim de aprender as responsabilidade de um profissional antes do ingresso efetivo na área. Existem muitas vagas de estágio em todas as áreas possíveis no mercado de trabalho. Bom, mas o VER-SUS é um estágio diferente porque você não vai para um local específico aprender atribuições específicas de uma área, este projeto te convida a fazer mais do que reproduzir algo, ele te convida a viver e a partir dessa experiência dar significado não a um profissional ou uma empresa, mas a um cenário dinâmico e complexo que nos cerca todos os dias: a vida. Um estágio de vivência, em especial o VER-SUS, te convida a conhecer a vida que existe dentro do sistema de saúde brasileiro. 

Inverno 2012 - Sapucaia do Sul
Esse projeto existe porque muitos ouvem falar que existe um sistema de saúde no país, que ele é o único e é bonito somente no papel. Existem muitas pessoas que viveram em uma época onde não existia essa forma de fazer saúde, e mesmo aquelas pessoas mais novas crescem com uma imagem desse sistema bem distorcida. Mesmo os profissionais da área da saúde tem percepções sobre esse sistema que não estão de acordo com a realidade, que menosprezam e desdenham esta proposta de promover saúde à população. O que antes era um "favor" do governo aos trabalhadores com carteira assinada ou das casas de misericórdia para o restante do povo, saúde era sinônimo de não estar doente para poder trabalhar. "Hoje" (20 e poucos anos), saúde é um direito de todos e dever do Estado, "hoje", saúde não é mais pensar em não ficar doente, ela decidiu virar amiga da vida e ver o que dá para produzir com ela de forma cada vez mais qualificada. As instituições de ensinos precisam entrar em sincronia com esses movimentos, formar profissionais que entendam essas modificações e se insiram num contexto de prevenção e promoção de saúde.

Participar desse projeto me deu subsídio para escrever o parágrafo acima, antes do verão de 2012 eu era apenas uma guriazinha que queria ser nutricionista por querer ajudar aos outros e pensava que dentro das áreas da saúde a nutrição era a ciência que mais trabalhava com prevenção e eu não gosto muito de entrar em contato com sangue e assemelhados, fraqueza particular. Bom, não desconsidero esse potencial da nutrição, mas descobri o potencial das demais profissões em saúde, descobri o que era esse SUS "tão" falado/criticado via meios de comunicação e percebi quão pequenos eram os meus pensamentos frente a todo um contexto nacional esperando pela minha atuação. Como eu disse no final da minha primeira vivência: "nasci para o SUS, não quero outra coisa". 

Foram 10 dias em que fiquei alojada com pessoas desconhecidas para aprender sobre outro desconhecido. 10 dias sem a minha cama, sem os meus amigos, 1 entre esses dias, meu aniversário, primeiro que passei longe da minha família. Muitas aprendizagens, muitos choques de realidade, muitas situações que me sacudiam na cadeira, relatos e cenas que vou levar pra sempre comigo. Quantos questionamentos, embates, anseios e dúvidas foram surgindo, eu não deixava ninguém em paz, queria saber o porquê até então eu nunca tinha sido apresentada para tudo isso. "Sempre esteve aqui? Não entendi... Sempre aconteceu assim, e por que não é assado? Pode explicar de novo, eu não entendi. Não acredito que ninguém faz nada, é um absurdo! Não entendi... o quê?... ah... não concordo muito..."

Equipe Verão 2013 - POA/Centro-NEB

No inverno deste ano eu estou indo para minha quarta participação neste projeto, já fui vivente, facilitadora e agora como apoiadora/enlouquecedora etc e tal (risos)... brincadeiras a parte eu não tenho medo em dizer que esse projeto tem mudado meus dias, ele é um despertador/disparador para profissionais que tem interesse na área da saúde como um direito social. O melhor de tudo é que você não precisa ser rico ou fazer cursinho para participar, já que ele não tem custos para os estudantes participantes e não precisa de prova para entrar, basta ter disponibilidade de até 15 dias para estar imerso em uma "nova" (sempre presente mais nebulosa ou invisível para muitos) realidade. Você percebe que é cidadão e como tal tem direitos e deveres, pra mim, o maior de todos os deveres de cada um é trabalhar para a manutenção dos direitos que passam pela saúde, educação, alimentação adequada, habitação, lazer... 

É bom colocar que não sou uma amante cega do Sistema Único de Saúde, as fragilidades são evidentes e não precisa de muito para serem alarmadas mundo a fora para quem quiser ou não ouvir, entretanto, perceber as potencialidades desse sistema, suas construções, intensão e ações já realizadas é algo que me alegra e poder compartilhar isso com outras pessoas é algo que me alegra mais ainda. Sei que as mudanças necessárias vem com investimentos do governo assim como com uma boa gestão dos investimentos já disponíveis. Que é preciso melhores estruturas para os profissionais mas também disposição e criatividade para vencer as dificuldades. Faltam conhecimento por parte de muitos, mas como capilarizar o que de bom já é realizado? Não é só desgraça minha gente, tem muita coisa boa circulando por ai e são essas articulações que precisam ser qualificadas, aprimoradas para um crescimento contínuo com resultados duradouros.

Fiz uma pequena mistura, dei aqui algumas pinceladas da minha primeira vivência (verão 2012), com alguns toques do que tem acontecido, não dá muito para separar muito os fatos já que tem sido uma (des)construção constante. Não entrei em muitos méritos que certamente mereciam destaque, mas ai essa postagem não teria fim! :P Com o tempo vou registrando mais coisas por aqui...  

1 ano e meio de história! o/


Para informações mais "formais" sobre o projeto acesse:

Conheça um pessoal que vai ter o maior prazer de te apresentar essa realidade de amor e coletividade.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Um dia marcante

"O barulho foi perto da gente!"
"NÃO RECUA! NÃO RECUA!"

Transbordei, chorei e agarrei a mão de uma das minhas amigas. Quem teve a ideia mesmo de estar no meio daquela multidão? Este foi um dia marcante, certamente não foi o último, mas vou guardar pra sempre os sentimentos que me cercaram o dia inteiro por saber que iria participar de algo que é meu e é de todos, é de todos tanto quando meu: o direito de expor, de falar, reivindicar. Agora parece mentira, mas durante a minha adolescência eu acompanhava o aumento das passagens de ônibus ano a ano e me questionava porque ninguém fazia nada... por que eu não fazia nada? Nenhum protesto, nenhuma palavra, simplesmente na primeira ou segunda semana do ano era realizado o reajuste de preço e o máximo que se fazia era reclamar para o cobrador, trabalhador que não podia fazer muito mais que dar de ombros.

Voltando a atualidade, eu vinha acompanhando as manifestações com uma satisfação sem igual. Até que um dia a minha geração resolve sair das redes sociais para fazer algo, dizer algo, ao menos tentar algo.  Saímos da passividades, "acordamos" como é digo por muito, não que eu concorde totalmente com isso, penso que precisamos mobilizar o pessoal para manifestações a fim de agregar, conscientizar e expor as ideias, mas em algum lugar elas precisam ser debatidas, consolidadas, aperfeiçoadas. A crítica pela crítica nunca vale a pena, seja ela nas redes sociais ou em forma de cartazes na chuva, mas isso pode ser assunto para uma outra postagem... Tudo começou em Porto Alegre e hoje tem uma repercussão nacional, internacional... quem diria? Quem imaginaria? Creio que muitos sonhavam e hoje é real. Quando participei a primeira vez de uma mobilização assim foi em uma quinta feira mais chuvosa que esta (sim, acho que a chuva me acompanha quando resolvo participar), quando finalmente a passagem das empresas de ônibus retrocederam, uma vitória, não há como negar! Leiam a postagem do blogue da minha amiga Fabi (fabiexplica), ela descreveu aquele dia em que eu estava junto, sinto-me contemplada com suas palavras.

Hoje, dia 20 de Junho de 2013, como já disse, foi um dia marcante. As manifestações tem tomado novas perspectivas, diferentes temáticas com um grande objetivo: melhorar o país. Que objetivo pretensioso não? Como modificar uma estrutura construída a tantas mãos por um longo período de tempo? Certamente não foi a melhor forma de se construir um sistema, mas é o que nos tem sido apresentado e fico muitíssimo feliz em perceber que a população começou a se movimentar para dizer que não gostou dos resultados e vamos ter que fazer novamente. O valor do transporte público foi só a gota que transbordou o balde da tolerância de outras queixas e angustias que são latentes no nosso cotidiano. Vejo na minha vida a necessidade de buscar mais conhecimento sobre como chegamos até aqui, linhas teóricas que falem sobre modelos de sociedade, episódios históricos que expliquem o Brasil que vemos hoje. Percebo a necessidade de que eu sei que precisamos mudar, mas não sei como, por onde começar... talvez um pouco de passado ajude, talvez não. Quem sabe precisamos pensar em algo que ainda não foi pensado (será que existe?), quem sabe precisamos construir de uma forma que nunca foi construída e então reavaliar os resultados obtidos. 

As redes sociais, em especial o facebook, estão repletas de depoimentos das pessoas que estavam no manifesto hoje. Haviam muitas pessoas, muitas vozes, música, chuva, muita chuva! Cheguei em frente a prefeitura por volta das 17:40 e ficamos lá quase duras horas até começarmos a caminhar subindo a Borges de Medeiros, chegando em casa li que este era um dos três grupos que caminharam em momentos e direções diferentes. Haviam policiais distribuindo folhetos dizendo que o objetivo deles ali era proteger vidas... enfim... não me senti protegida quando já umas 21:00 (não sei precisar) falo a frase que inicia minha postagem. Ao mesmo tempo que fiquei apreensiva com as explosões e a fumaça que surgia lá no fundo eu realmente fiquei nervosa com a resposta de algumas pessoas, com xingamentos e incitando os outros a não recuarem. Muitas pessoas gritavam, inclusive eu: "sem violência!", até sentamos em demonstração de que realmente estávamos ali pacificamente. Tudo em vão, as bombas de "efeito moral" (nome ridículo para esse instrumento horroroso!!!) continuaram a ser lançadas e rapidamente começo a sentir os empurrões de uns e gritos de outros: "mantenham a calma". 

Como manter a calma? Na verdade como chamar calma? Esse era o último sentimento que tive desde que pus meus pés no centro da cidade. Tudo é um misto de sentimentos e quando meu rosto começou a arder e meus olhos já fechados de tantas lágrimas eu me fiz muitas perguntas. Agradeço as amigas que estavam comigo naquele momento, sinceramente eu não saberia o que fazer sem elas, agradeço as pessoas que dividiram suas quantidades de vinagre para que nosso sofrimento fosse menor e pudéssemos encontrar um lugar seguro para parar. Eu não fixei nenhuma parede, não quebrei nada, não roubei nada, mas fui agredida. Muitos que ali estavam não fizeram essas coisas também e foram agredidos e se fomos pensar um pouco mais, não fazemos isso ao longo das nossas vidas e continuamente somos agredidos pela mídia, pelos governantes, por esse sistema que nos consome diariamente. 

Realmente, não dá para conhecer os fatos a partir da mídia. Eles citam levemente que o manifesto é pacífico com pessoas cantando e dá ênfase e mais ênfase para o vandalismo, a depredação, a violência. Por que ninguém veio falar comigo, ou com algum amigo meu? Por que vemos na televisão várias pessoas se posicionando a partir de um ângulo externo, conforme as informações que chegam ate elas? Por que repórter, artistas, políticos e não pessoas "comuns" tem aparecido nas mídias abertas para falar sobre algo que não estão vivendo? Também não sei o que essa gente inconsequente tem na cabeça, por que estar junto para avacalhar (não achei um termo melhor... :P) com tudo, gostaria muito de me encontrar com uma dessas pessoas e perguntar. Se "caminhar" não é suficiente para mudar tampouco destruir as coisas vai surtir um efeito positivo para o que se espera de mudança.

Eu não sou uma perita em argumentação, também não sou uma expert em movimentos sociais e política. Sou uma jovem comum, brasileira, que tenta ser cidadã porque um dia (não tão ditante atrás) descobriu que tinha esse papel e que podia com ele fazer alguma coisa. Tenho muita coisa a aprender mas dentro do que já conheço tento reproduzir algo de bom. Não tenho opinião formada sobre muitas assuntos que atravessam esses acontecimentos no nosso Brasil, mas isso não tira a minha vontade de falar sobre isso, debater, discutir e aumentar o meu desejo de continuar pelas ruas gritando que desse jeito não dá, quantas copas por uma copa? Digo que que eu fui à rua por vinte centavos me referindo ao dinheiro de cada brasileiro que está "sobrando" em tantos investimentos (desnecessário?!) e faltando para uma educação inclusiva; uma saúde decente, aberta e promotora de vida; uma habitação digna e lazer suficiente para todos. Eu fui à rua para dizer que eu não vou continuar parada vendo as coisas acontecerem, leis e decretos etc e tal sendo criados sem que eu esteja junto para construir, opinar; que eu estou cansada de ações verticais que não se preocupam com as demandas da sociedade a qual eu faço parte. 

Estou chocada, perplexa, me sentindo agredida com tudo o que tenho vivido, mas isso não é um peso de desistência mas um estímulo para continuar. Sou só mais uma jovem nesse mar de gente, mas faço o mar ficar maior e isso me preenche.


"Mas, se ergues da justiça a clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta."

terça-feira, 18 de junho de 2013

FACEBOOK | ERROR (What?!)

As notícias vem acontecendo numa velocidade maior do que eu consigo acompanhar ou escrever aqui. Ao que tudo indica, mais do que na horas, #oGiganteacordou! Vamos às ruas, vamos gritar, vamos mostrar que existem demandas que precisam ser revistas e construídas com a população, afinal o governo existe para esse fim!

Todos os dias leio muitas visões a respeito dessa movimentação popular: repórteres, amigos, desconhecidos, o facebook é uma janela que constantemente é alimentada por vídeo dos manifestantes, link de notícias, gravações dos programas e noticiários que tem feito cobertura, imagens, opiniões pessoais. Não quero aqui decretar uma verdade, longe disso, mas deixar registrado mais uma entre tantas percepções sobre o assunto, a partir da última novidade da noite: o facebook está dando erro!

Desde 2012 eu tenho facebook, e esta é a primeira vez que o site fica fora do ar de tal forma. Cabe muitas conjecturas sobre isso, mas não quero fazer acusações aqui. Esse é um alerta que não pode ser negligenciado, afinal, precisamos nos manter conectados com o que anda acontecendo, um segundo, vou fazer um twiter... :P

Não cheguei a procurar, mas acho válido a criação de um blog sobre o movimento, acorda Brasil. Não sejamos reféns de uma mídias, criemos os nossos espaços! 

Seguimos na luta!

quinta-feira, 13 de junho de 2013

O que transborda em dentro de ti?

Estava eu a perambular pela internet até que li esse texto que não categorizar se crônica, se poema ou simples desvaneio pessoal, de qualquer forma achei bem legal e resolvi deixar registrado aqui. :)
 
 
Cada um oferece aquilo que tem e transborda de dentro de si. 
Uma parreira oferece doce fruto, uma orquídea nos oferece bela flor. Um vulcão só oferece desolamento, calor, mal cheiro e larva, e não é segredo que uma cobra peçonhenta não te oferecerá mais que mortífero veneno. 
 
É bem verdade que podemos reunir tudo isso dentro de nós, mas lembre-se: as pessoas oferecem o que transborda de dentro de si.Quando fizeres o bem a uma serpente, não espere que ela te retribua com uma rosa, por que não é o que transborda de dentro dela. Quando fizeres bem a uma serpente, faça-o por que é este bem que transborda de dentro de ti, e é justo que compartilhemos o que de bom nós temos em excesso. 
 
Esse deve ser teu único pensamento e expectativa: Dê a quem precisa, não espere de quem não tem. Isto te dará felicidade e te privará de decepções. E não te eximas de fazer o bem à serpente, por que algumas coisas não nos cabe reprovar ou punir, apenas compreender...
Augusto Branco

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Caretices

Oi gente!

Sim, eu sou uma pessoa careta.
Nesse dia dos namorados, coloco uma canção que fala sobre algo que eu acredito e espero pra mim. :)


Então, penso muitas coisas sobre relacionamento. Concordo e descordo de muitos ponto de vistas, mas prefiro não explanar sobre esse assunto por considerar que é algo muito pessoal e íntimo. Não que assuntos pessoais e íntimos não possam ser tratados aqui, mas acho que em alguns momentos o silêncio é uma boa saída para a construção de um opinião. Silencio minhas palavras ao som da canção acima. :)


"Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata...." [Carlos Drummond de Andrade]


terça-feira, 11 de junho de 2013

inspiração...

Oi gente!

Domingo eu fiquei pensando: "faz uma semana que não escrevo no blog..." e a velha pressão de saber sobre o quê poderia escrever me invadiu. 

Acho que a inspiração é um bicho do mato, vem quando quer, vai embora quando não quero que vá e quando some, ixi, esquece, vai morrer procurando... 

Eu disse bicho do mato? Que bicho? E de que mato? Difícil dizer com o que se parece, as vezes é branda e calma, tranquiliza meus pensamentos e traz paz para o coração. Outras vezes é rápida e intensa, não tem cuidado se vai quebrar o vidro, derramar o leite ou a lágrima no chão.

Uma coisa é certo, dependo muito mais dela do que ela de mim. Tudo bem, aguento suas "pirraças" porque sei que perto dela meu mundo é mais colorido e alegre! Essa amiga-irmã-companheira dá gosto aos meus sentimentos e sentido às minhas palavras, mesmo que esse sentido sirva só pra mim, só pra gente.

Inspiração, cadê você? Volta logo porque quero viajar, fechar os olhos e ser levada até  as verdades incabidas e realidades utópicas. Vem logo me ajudar a terminar mais um projeto que ninguém vai apostar, mas que se apostasse veria o valor do resultado. 

Ah desisto, quem sabe outro dia ela venha.
Estarei esperando no quartinho de ideias.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Diários de motocicleta

"No es este el relato de unos años impresionantes, es un trozo de dos vidas tomado en un momento en que cursaron juntas un determinado trecho, con identidades,... y conjunciones de sueños. ¿Fue nuestra vision demasiado estrecha, demasiado parcial, demasiado apresurada? ¿Fueron nuestras conclusiones demasiado rigidas? Tal vez...Pero ese vagar sin rumbo por nuestra mayuscula America me ha cambiado más de lo que crei. Yo, ya no soy yo. Por lo menos no soy el mismo yo interior."

Ao terminar de assistir “Diários de motocicleta” eu estava pronta para por minha mochila nas costas e seguir rumo a qualquer lugar desconhecido da América Latina. Foi então que me lembrei de dois grandes empecilhos: não sei falar espanhol tampouco tenho dinheiro para pegar um ônibus até a fronteira com a argentina, hoje, bom deixar isso claro ;). Eu não conhecia a história do Che, acho que menos do que o senso comum, vejo jovens que usam camisetas com seu rosto, boton, etc e tal, eu inclusive já citei uma frase sua como legenda de foto no facebook, certa incoerência da minha parte reproduzir algo sem entender seu contexto, sua intensidade.


O filme mostra a história de um jovem, tão jovem quanto eu, tão na faculdade quanto eu, tão sedento por ser útil de alguma forma quanto eu. Minha mente não para de dar voltas depois de me ser apresentada a esse guri que foi confrontado com a realidade do seu continente. Confrontado com a injustiça, com o descaso, com o abandono. Posso estar sendo simplista em minhas colocações já que não tenho tanto aporte teórico e histórico para tal, mas me comprometo em ler e estudar mais para poder escrever melhores textos a posteriori, ok?

Chamou-me muito a atenção a ideia de identidade latino americana tão trazida durante o filme. Tive a oportunidade de conhecer um paraguaio que “caiu de paraquedas” na última edição do projeto VER-SUS (depois falo mais sobre esse projeto que é além do interessante!) aqui na região, muitas foram às vezes em que ele falava que quer contribuir para a saúde da América Latina, isso me marcou e fez com que eu começasse a pensar nessa questão dos países vizinhos. Eu nunca tinha me dado conta dessa realidade, maior que o meu país, fico pensando se eu sou tão alienada assim, ou se realmente o Brasil está desconexo desse pensamento. Fico pensando que ao mesmo tempo em que há tanta coisa para ser feita na minha cidade, ao ampliar meu quadro de visão os problemas só aumentam e me confrontam a fazer algo. Che fez a seu modo dentro do seu contexto histórico, o que repercute hoje com seguidores, indiferentes e críticos as suas ações. No seu lugar o que faria? Não sei. Hoje o que tenho feito?  O que está ao meu alcance para estar junto com os marginalizados, com os tesouros escondidos por ai pelo simples fato de não ter dinheiro ou um sobrenome digno de receber prestígio?

Ah, eu fui muito tocada pelos 110 minutos de convivência com essa história. E realmente espero que consiga fazer mais do que discorrer algumas palavras emocionadas sobre o assunto. É impressionante que somos apresentados todos os dias a situações de injustiça e parece que estamos anestesiados, que tudo é normal, faz parte do show. Recuso-me e pensar dessa forma, triste verdade que alguns pensam sobre, menos ainda fazem algo. Poderia aqui falar vários motivos que deveriam mover as pessoas a fazerem alguma coisa, a saírem da sua zona de conforto, mas de certa forma, estaria entrando na casa do julgamento e sinceramente não quero fazer isso. Não quero apontar o dedo para ninguém, afinal toda a experiência que vivemos é pessoal, e como na história, depois da viagem não surgiram dois comandantes, mas apenas um.

Vou seguindo minha caminhada a conhecer essas pessoas que fizeram a diferença em seus cenários. Longe de mim almejar que meu nome seja conhecido como o dele, mas faço minha suas palavras, que não sei se realmente foram deles ou foi uma fala criada pelo diretor, mas "eu quero ser útil de alguma forma". Acrescentando, eu quero me envolver, eu quero abraçar, sentir e chorar junto com essas pessoas que não meus irmãos, meus companheiros, com direitos iguais aos meus, eu não quero estar a parte disso, não consigo pensar em escrever meus dias para meu próprio prazer: me formar, ganhar dinheiro, ter filhos, constituir família, ficar velhinha, morrer, me encontrar com Deus... quero todas essas coisas, mas pensar em fazer tudo isso sem fazer nada pelo próximo, sem me importar, fazer tudo exclusivamente pra mim é vazio e sem sentido... eu não consigo e sinceramente nem quero tentar tal façanha, muitas pessoas já o fazem.


Preciso dizer que indico o filme? Deixo uma música pra ajudar na digestão. 


sábado, 1 de junho de 2013

Prático, mas inútil.

Engraçado algumas situações que acontecem conosco, comigo principalmente, como ando muito de ônibus, van e assemelhados, tenho algum tempo para refletir sobre cenas dos meus dias que por mais banais que possam parecer rendem boas histórias. No início do semestre eu estava planejando a compra de material escolar, mesmo já na faculdade, eu AMO ir a livraria da biblioteca para escolher minhas canetas, agenda, cadernos, enfim, em alguns aspectos ainda tenho uma mente de ensino médio, assumo isso sem vergonha!


Entre os materiais que eu não precisava comprar estava um caderno, pois eu ainda tinha metade de um que seria o suficiente para as disciplinas que iria cursar nestes seis meses de aula. Acontece que entre uma prateleira e outra dou de cara com um "mini" fichário de capa florida, me apaixonei por ele que parecia leve e prático, não só para meu semestre mas para o restante do tempo que ainda tenho de faculdade. Não pensei duas vezes em comprar, nem considerei o valor que não era dos mais vantajosos, afinal, era tudo o que eu precisava no momento.

Bastou duas semanas de aula para eu perceber que por mais prático que parecesse o fichário, ele não estava de acordo com a personalidade da dona, uma pessoa desorganizada e distraída. Quantas folhas perdidas, molhadas, esquecidas... nunca pensei que tinta de caneta pesasse algo considerável (risos) o que somado aos anexos colados nas folhas fez com que o meu mimoso lugar de registros acadêmicos virasse um pesado e desastroso pesadelo florido! Ele pode ser prático, bonito, perfeito para muitas meninas por ai, porém pra mim tornou-se um instrumento inútil guardado na estante do quarto. Voltei ao meu bom e velho caderno, com o trabalho de passar a limpo os assuntos das aulas passadas.

Arrependida? Um pouco, mas contente de poder refletir sobre a relatividade das coisas e que por melhor que pareça um objeto, situação ou pessoa eu preciso avaliar sua presença inserida nos meus dias. Como eu vou lidar, usar, conviver com isso tudo? No caso do fichário era só voltar para o caderno, entretanto, em outra situação talvez não desse para voltar. Agora por isso todos os fichários são ruins e inúteis? De forma alguma! Um dia conseguirei usá-lo! Quem sabe...

"Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam." [1 Coríntios 10:23]

"Tens tu fé? Tem-na em ti mesmo diante de Deus. Bem-aventurado aquele que não se condena a si mesmo naquilo que aprova." [Romanos 14:22]

Relaciono essa cena da minha vida com os versículos acima porque eu posso fazer o quiser da minha vida, mas isso não significa que vou ter bons resultados com essas escolhas. Aquilo que não convém não está condicionado ao sentido de errado ou proibido, pode-se pensar também em algo que não se encaixa a situação, algo descontextualizado que ao se unir ao meu foco prejudica e/ou dificulta a fluidez dos acontecimentos no meu cotidiano. O impacto disso é proporcional a importância que damos ao que queremos e como queremos. 

Por fim é legal lembrar que somos pessoas únicas, semelhantes mas ao mesmo tempo muito diferentes dos outros indivíduos que nos rodeiam. Isso permite que as boas escolhas de alguns não sejam tao boas para outros e vise-versa. "Tens tu fé? Tem-na em ti mesmo..." significa que não posso mais sugerir, aconselhar ou intervir em situações alheias? Nada disso! Simplesmente (mesmo que muitas vezes isso não seja nada simples!), faz lembrar que cada um edifica o seu caminho do seu jeito e que assim a vida se desenrola tão diversamente. Claro, estou dando outro contexto as palavras de Paulo, mas sei que isso é benéfico, pelo menos trazer a memória esses trechos bíblicos dentro dessa vivência confirmou a importância de ponderar sobre minhas escolhas. Com certeza é melhor demorar um pouco mais para tomar uma decisão do que ficar como eu comendo gafes por ai.