sábado, 31 de agosto de 2013

Nutrição, sua linda! - Uma escolha


Hoje é dia do profissional nutricionista!

Entrei sem querer e quando vi não havia mais volta, a nutrição me fisgou de uma forma que não consigo explicar muito bem. Jornalismo, Letras e Moda eram cursos que estavam anos luz na frente de Nutrição, de qualquer forma, minha mãe sempre disse que não pagaria minha faculdade, que eu precisava ter uma profissão e depois poderia fazer o que quisesse. Entrei na escola técnica, no curso que "aparentemente", me deixaria o mais distante de gente doente e sangue, entrei na escola técnica porque precisava de dinheiro para entrar na faculdade, entrei na escola técnica querendo sair logo de lá! 

Depois de três anos de estudo, eu sai do curso técnico em nutrição e a nutrição não saiu de mim, então, fui em busca de um espaço maior onde pudesse aprender mais sobre tudo aquilo que eu não queria no início. Dos 30 colegas que iniciaram comigo o técnico em nutrição, hoje, somente eu sigo na área, vai entender essa vida?!

Eu não tenho muito o que dizer. A Nutrição brinca comigo, porque é um quebra cabeça que pode ser montado de várias formas diferentes com as mesmas peças, tenho certeza que ainda não são conhecidas todas as peças e possibilidades de combinações a serem feitas. Tenho perpassado por algumas áreas dela, batendo em algumas portas, vivenciando alguns lugares, as vezes me acho, outras vezes me perco. Muitas vezes dá um frio na barriga em pensar que daqui a um ano estarei pegando meu diploma e efetivamente vou poder dizer que sou uma nutricionista, sério, não me sinto preparada! Quantos conhecimentos já passaram por mim ao longo desses semestres, alguns entendi, absorvi, outros desprezei, esqueci, muitos estão bem presentes no meu dia a dia, tem aqueles que tenho que correr atrás do esquecimento, fora os que não estão no currículo e eu venho buscando.  

Indivíduo - Alimento - Ambiente, uma tríade complexa, cheia de complementos que vão desde a molécula ATP de uma mitocôndria até o efeito ecológico das monoculturas alimentares nos latifúndios do mundo e o que todo esse fluxo de informação interfere no meu organismo e no organismo do mundo. Porque comer não é um ato apenas fisiológico e alimento não é só uma massa formada por nutrientes, em tudo isso há muita dinâmica, muita vida! 

Pra mim, a nutrição tem a prevenção na sua essência e a saúde como um fruto natural do seu desenvolver. Pra mim, a nutrição é encantadora, mesmo que inúmeras vezes eu me sinta "descaracterizada" das demais pessoas pensantes que compõem esse nicho social. 


Porque nutricionista é aquela que sabe cozinhar, tem a tabela de composição química de alimentos na ponta da língua e consegue lhe fornecer uma dieta milagrosa que faz perder 20 quilos em 7 dias! Porque nutricionista é aquela que te recebe em um consultório branco com poltronas verdes. Porque lugar de nutricionista é no hospital calculando dietas... JURA! Não se engane, não se engesse, a nutrição é mais do que um senso comum/distorcido(?) refletido no imaginário geral.

Sobram fotos que registraram as experiências que tenho experimentado por ter feito esta escolha. Faltam palavras para descrever o quão realizada eu fico ao me dar conta do quanto já aprendi, das trocas que já fiz e de tudo que ainda posso concretizar com esses conhecimentos. Teorias que ganham significado na realidade da vida, políticas que se desmontam frente aos imensas demandas sociais que reafirmam a importância da minha profissão, cada vez mais humana, cada vez mais cidadã.

Gostaria de agradecer a todas as professoras (e professores né?), colegas, amigxs, parentes, conhecidxs e assemelhadxs que de uma forma ou outra me fazem querer continuar nessa escolha de promover saúde através do alimento. A cada porta que me foi aberta para descobri uma face nova da nutrição que tem encantado meus olhos e confirmado a ideia de que estou no caminho certo. 


sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Abraços possíveis.

Se tem uma coisa gratuita que gosto tanto quanto escrever ou falar é dar abraço, tem coisa melhor?! Abraço pra mim é uma atitude especialmente especial, me permitam a redundância nesse caso já que esse ato realmente essencial devem ser tratado como tal. ;)

Abraços envolvem, acolhem, confortam, relaxam, tranquilizam e revigoram a alma da gente. Pode ser apertado como de urso, alegre como o de um amigo ou sempre disponível como os da minha mãe, pode ser tímido, pode ser rápido, pode ser coletivo (quem conhece canta: "abraço coletivo, abraço coletivo")!!!!! O que cabe em um abraço? Euforia de um reencontro; saudades de uma despedida, paixão de um amor e amor de uma paixão... em um abraço cabem todas as risadas e gritos do mundo ao mesmo tempo que todo o silêncio que lábios são capazes de dar. Um momento onde não há perda, todos ganham com um bom abraço! Eu já dei muitos abraços, de diversas forma nas mais variadas situações, poderia fechar os olhos agora e relembrar dos bons momentos que já tive dentro dentro de um abraços!

Pensando sobre isso e na minha pré disposição para abraçar eu percebo um abraço que muitas vezes penso e até tento dar mas não consigo: no mundo. E não pensem no mundo, Terra, "imensa" (depende do ponto de vista né?) bola azul no cosmos, pensem em dimensões menores desse mundo, mesmo essas eu não consigo envolver com meus braços. Sim, de fato isso é uma verdade consumada, que inúmeras pessoas me falam todos os dias e que de certa forma eu já internalizei. Mas dizer que entendo algo não significa que eu concorde e por vezes a minha teimosia brunistica me impulsiona a tentar mais uma vezinha que seja realizar tal feito. AAAAAAHHHHHH, quantas vezes eu tenho vontade de gritar por não conseguir isso!

Me ocorre que por melhores que sejam minhas intensões para com esse(s) mundo(s) ele é coletivo demais para se deixar ser envolvido por apenas um par de mãos. Certamente ele quer (e precisa) das minhas mãos, não por serem minhas, mas porque constituem um encontro que gera uma reação onde, no meu caso, espero que seja uma boa reação. Não importa qual seja a dimensão de mundo existente, ele mais do que ninguém gosta de um bom abraço, desde que seja bem coletivo, que tenha a cara de muitos ao mesmo tempo que tem uma cara só, ao mesmo tempo que tem muitas mãos gera uma única sensação: cuidado/empatia.

Não tenha medo, abrace!
Não pense duas vezes, abrace!
Se não puder sozinho, olhe para o lado e dê a mão ao(s) próximo(s)...
Incentive outros a abraçar tanto quanto você!

Abrace não só as coisas boas e felizes, abrace os tristes, os esquecidos, amargurados, desprotegidos. Penso que muitos destes são potenciais abraçadores a outros, mas não sabem o valor dos seus braços e o calor dos seus sentimentos. Abrace a fome com alimentos e o frio com agasalhos; abrace o impossível com ações possíveis que gerem vida capaz de produzir outras formas de abraçar.

Abraços não são eternos, mas por onde ocorrem deixam marcas de afeto e fazem toda a diferença! Abraços são possíveis.


"Os abraços foram feitos para expressar o que as palavras deixam a desejar."

Anne Frank



segunda-feira, 19 de agosto de 2013

A origem borbulhante!

Oi gente!

É com muito prazer que eu vos apresento o senhor Carlos Roberto, Thomaz, para os conhecidos, pai, no meu caso. :) O culpado de a minha cabeça borbulhar por uma pena que cai no chão é esse cara que desde que eu me conheço por gente me incentiva a ser um ser pensante. Falando a verdade, se vocês acham que eu viajo em alguns momentos é porque vocês nunca conversaram com o meu pai para saber suas teorias filosóficas sobre o mundo.

Muitas noites quando eu era criança ia dormir tarde por ficar inventando histórias em conjunto com ele. "Era uma vez um macaco amarelo... onde ele estava?" Uma cena mais louca que a outra, um personagem mais diferente que o outro, acho que nunca chegamos ao final de uma história, eu dormia antes, mas era sempre legal pensar na última para iniciar a seguinte. Meu irmão, pai e eu tínhamos cada um o seu caderno de desenho e a cada final de semana tinha um tema novo para colorir as páginas em branco, nunca fui boa em desenho, por isso eu sempre fazia quadros "abstratos" e queria sempre que escolhessem o meu desenho como o mais bonito mesmo que ninguém o entendesse.

Domingos pela manhã você certamente nos encontraria na cancha de esportes da praça jogando basquete, vôlei e o que mais a imaginação quisesse, fiz inúmeros amigos de final de semana em função dessas partidas matutinas. Depois, era chegar em casa, tomar banho e almoçar já que após a refeição vinha outra parte legal do Domingo, brigar para não dormir a tarde, era uma luta acirrada entre pai e filhos, nós querendo impedir que ele dormisse para continuar fazendo qualquer coisa conosco e ele por sua vez, com  desejo louco pela sua "cesta". Nessa batalha valia tudo, travesseiro na cara, chinelo no traseiro e empurra-empurra pelo apartamento, lógico, sempre perdíamos para a soneca da tarde...

Essa figurinha foi a pessoa que em um mesmo dia levou-me para assistir o desenho "O Rei Leão" e quando chegamos em casa me mostrou o documentário "Vida Selvagem - savana africana" para eu conhecer as verdades da vida animal. Detalhe, eu tinha entre 4 e 5 anos e sai da sessão de cinema achando que a natureza era linda e todos os animais eram amiguinhos e comiam capim... [heheheheh...]

Quantos projetos para o futuro: ter um conjunto de cuia e bomba de ouro para tomar o melhor chimarrão; andar em um carro super moderno e rápido da cor marrom; ter uma fazenda com 95 hectares para poder construir um lugar só nosso com cavalos, lagos para pescar e amoreiras para fazer as mais variadas sobremesas gostosas. Colecionador de filmes em VHS, se você tiver um bom título esquecido em alguma gaveta não pense duas vezes, entre em contato para presenteá-lo! 

Meu pai é um grande homem, lava, cozinha, é eletricista, conserta máquinas de costura, pinta, desenha, canta, escreve, filosofa... meu pai conta várias vezes a mesma história, sempre com a mesma intensidade que da primeira vez. Meu pai escuta todas as minhas peripécias cheias de detalhes, sonha comigo meus projetos e na medida que consegue me acompanha não importa o lugar, Ilha das Flores ou Osório.



Ele sempre diz que eu não posso parar, ao mesmo tempo que sempre fala que eu preciso descansar porque nunca paro de agitar! Eu fico braba com ele, grito esperneio e ele nem as horas me dá, ainda vem com um sorrisinho manso e pergunta "deu?"... Muitas vezes um amigo, outras um irmão mais velho que rouba meus chocolates da páscoa e leva minha pasta de dente com ele. Com tudo isso ele não deixa de ser o meu papito querido, que me dá segurança e aperta minha mão sempre, eu precisando ou não.

Esse foi o primeiro ano em que eu não comprei nada para lhe dar no domingo dos pais. Parei para pensar que de alguma forma todos os dias a gente se presenteia, com afeto e companheirismo, solidariedade e dedicação. Tive uma infância supimpa com o seu Thomaz, assim como a adolescência e agora que sou uma adulta jovem (será mesmo?! heheheh) eu me alegro muito em ter esse cara do meu lado. Meu pai acredita que eu posso mudar o mundo, acho que é porque ele sabe que muda o meu a cada dia. :)   

sábado, 17 de agosto de 2013

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Uma pitada de fé

Evangélica.

Já vi diversas reações após dar essa resposta desde "ah eu já suspeitava" até "nossa, tu? tão globalizada...". Divergências a parte uma coisa é fato: reconheço que existe muito preconceito das pessoas que assim se denominam e de certa forma é um caminho de mão dupla com relação aqueles que assim não se denominam. Infelizmente, vivemos em um mundo de esteriótipos e esses fazem as pessoas terem ações, sejam elas externadas ou não, ridículas muitas (todas as) vezes. 

Eu não sou do tipo de pessoa que quer empurrar Jesus goela abaixo de ninguém, "simplesmente" por dois motivos: 
1) Cada um tem o direito de ter a fé que quiser, em quem/como quiser; 
2) Jesus, seu exemplo e tudo que esse nome representa é precioso demais para mim, foi uma construção que venho fazendo há algum tempo e tem feito toda a diferença na minha vida, até hoje, esse caminho vem sendo muito produtivo/proveitoso. Muito das minhas aprendizagens estão registradas no meu antigo blog, Verdadeira Essência, pra quem quiser dar uma olhadinha. 

Quem é Deus? O que é Deus? O que Ele faz ou deixa de fazer, o que me faz crer?
Muitas perguntas em uma única linha, com respostas imensas. Quantas linhas são necessárias para sanar essas dúvidas? A humanidade vem escrito linhas e mais linhas que definem, categoram ou induzem a uma verdade convincente. Não, eu não pretendo respondê-las, sinto-me muitíssimo pequena para tal, mas posso pensar, meditar conjecturar, sem que minhas palavras sejam absolutas.

Perspectiva, penso que muitas coisas se explicam por ai, o pensamento de um indivíduo se dá através de seu posicionamento em relação ao que ou a quem se observa. Quais são as perspectivas que espelham nossas expressões todos os dias? Qual o tamanho da sua fé, se é que você tem alguma... o quanto ela é útil para você ou sua realidade? Ela precisa ser útil para alguém? Parafraseando a música "Comida" da banda Titãs eu continuo questionando: "você tem fé de quê? você acredita no quê? [...] a gente não quer só fé, a gente quer fé e...". Em uma época onde esse conceito tem sido banalizado, vale a pena pensar essas questões. 

A minha fé não é algo que me estereotipa. A minha fé não se explica com métodos científicos, quem sabe um dia... a minha fé é relacionamento. Relacionamento com Deus, Jesus, Espírito Santo, um em três, três em um... eu não sei explicar, justificar, fundamentar, eu sei o que sinto e vivo e o que aprendo através de um livro que verdadeiro ou não está há mais de 2 mil anos circulando por ai. Eu acredito em um relacionamento com o Criador e a criação, um relacionamento sincero e íntimo que respeita/preserva/cultiva esses espaços. Eu não creio em Deus para ter um carro, casa, dinheiro... eu não creio em Deus para casar ou saciar minhas ansiedades. Eu acredito em Deus porque eu acredito no amor e Deus é amor.

Eu vejo Deus em muitas coisas, as vezes não sou bem compreendida por essas impressões, dentro ou fora desse contexto. As vezes isso me choca, paralisa, desconstrói, mas de alguma forma me expande e reafirma a loucura da fé. 

Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes. [Marcos 12:30-31]

A religião pura e imaculada para com Deus e Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo. [Tiago 1:27]

Seria este o jejum que eu escolheria, que o homem um dia aflija a sua alma, que incline a sua cabeça como o junco, e estenda debaixo de si saco e cinza? Chamarias tu a isto jejum e dia aprazível ao Senhor? Porventura não é este o jejum que escolhi, que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo e que deixes livres os oprimidos, e despedaces todo o jugo? Porventura não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres abandonados; e, quando vires o nu, o cubras, e não te escondas da tua carne? [Isaías 58:5-7]

Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé, e não tiver as obras? Porventura a fé pode salvá-lo? E, se o irmão ou a irmã estiverem nus, e tiverem falta de mantimento quotidiano, E algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí? Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma. Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras. [Tiago 2:14-18]

E era um o coração e a alma da multidão dos que criam, e ninguém dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns. [Atos 4:32]

Sem dúvida eu poderia colocar muitos versículos por aqui. Versículos que respondem no que creio e qual é a sede da minha fé. Uma pincelada disso é o que me move a estar inserida nos espaços onde eu estou, a estar cursando o curso que eu estou, a fazer algumas escolhas, a ter alguns sonhos, esperanças. Sonho que não são só pra mim, sonhos que não são só meus, as vezes eu penso que pouco de tudo o que eu faço realmente é pra mim, mas essa é uma outra reflexão para um outro momento com todos os meus erros e defeitos vou tentando acertar. 

Escrevo isso porque tenho procurado acima de tudo respeitar o meu próximo seja como ele for, com sua fé ou ausência dela, eu me vejo aberta para ouvir e aprender sem prejulgamentos, de forma respeitosa. É impossível manter uma neutralidade, quem é neutro? Tenho minhas concepções, minha cosmovisão de mundo e esta é semelhante ou muito diferente a outras espalhas por ai. Como procuro não ser desrespeitosa com ninguém nesse sentido, peço perdão se em alguma situação assim agi, mas confesso que em muitos momentos, me entristeço por ouvir comentários em relação ao que creio e vivo. Em muitos momentos parece que o errado é crer em algo e que qualquer fala com base nisso é desconsiderada, insuficiente, não válida. Talvez só eu me sinta assim, talvez não... talvez em muitos assuntos eu considere que o silêncio é a melhor saída, talvez não. Acredito que essa reflexão também é válida, não é tudo o que dizem ser cristão de fato o é e não são todos que se dizem cristão que assim vivem, CERTAMENTE, eu não sou a perfeita mocinha do Brasil, no mínimo, tento viver o que falo, como Tiago concluiu: mostrar minha fé com minhas obras. 

Bom, essas últimas palavras transformam-se em um pedido, quase que em uma oração por parcimônia em palavras e ações coletivas, não faz mal a ninguém e permite que todos vivamos tranquilos, cada um no seu caminho com liberdade de transitar, conhecer e absorver o que melhor lhe parecer. 

Graça e Paz a todos! o/

sábado, 10 de agosto de 2013

Águas de interdisciplinaridade...


Eu estava super ansiosa para chegar em casa hoje! Minha semana começou com atropelos que me paralisaram (amigas obrigada pela força! S2)... seguiram os dias e tive felizes surpresas que me fazem estar radiante nessa sexta feira chuvosa em Porto Alegre! Esse semestre iniciou como se fosse ano novo, estou com a sensação de novos ares, novas possibilidades de conquistas, meu coração está esperançoso e de certa forma isso é legal, mesmo que eu não saiba bem explicar o porquê estar sentindo isso.

Um fator que me deixou muito satisfeita nesse retorno às aulas foram as disciplinas escolhidas para este semestre. É compreensível para algumas pessoas pensar em uma acadêmica de nutrição cursando alguma disciplina da psicologia como disciplina optativa (em outras instituições podem chamar de disciplinas eletivas ou não obrigatórias...) afinal, são dois cursos com o pé na saúde e que em alguns momentos se cruzam, andam junto etc e tal. Mas definitivamente as pessoas pesam que sou, no mínimo, maluca por cursar disciplinas do Serviço Social e Jornalismo. Curioso observar a reação das pessoas no momento das apresentações na turma em ver alguém de uma área aparentemente desconexa da sua como colega. "Essa disciplina é indispensável para um bom psicólogo!", "Nutrição, aqui? O que faz aqui no jornal, amiga?", "Todos aqui são futuros assistentes sociais, correto?", "mas... o que isso tem a ver com nutrição?" foram frases que ouvi ao longo da semana, frases que comprovam ou a minha insensatez ou a multiplicidade do ser que vos escreve.

Mul-ti-dis-ci-pli-na-ri-da-de, multidisciplinaridade, que palavrão! Segundo o Dicionário Interativo da Educação, esse termo significa: "conjunto de disciplinas a serem trabalhadas simultaneamente, sem fazer aparecer as relações que possam existir entre elas, destinando-se a um sistema de um só nível e de objetivos únicos, sem nenhuma cooperação.". Confesso que essa palavra não é suficiente para me descrever, já que podemos pensar que existem muitas coisas "multi" que nos cercam: um ônibus cheio de gente é multi, os currículos acadêmicos/escolares são multi, um shopping é multi, a bolsa de uma mulher é multi, dependendo da bolsa põe multi nisso! É fácil colocar várias coisas diferentes em um mesmo lugar, difícil é relacionar todas essas coisas fazendo uma integração, produzindo algo, respondendo algo, transformando algo. Um dia eu ouvi que ruim ser uma pessoa multi, na hora eu fiquei chateada, descordante e incomodada! Como assim não posso ser multi? Como assim é ruim ser multi? Hoje, pensando sobre outra ótica eu concordo com essa afirmação desde que seja para dizer que bom é interdisciplinar, bom é relacionar, integrar, misturar

Gosto de pensar que vou poder pegar toda a paixão pela Nutrição que me foi mostrada pelas professorasPatologia e Fundamentos da dietoterapia e juntar com os mistérios da Semiótica, as contextualizações históricas de Brasil e RS: Cenários Sociais e o dinamismo de Processos Grupais, reunindo tudo dentro da minha mente e ao liquidificar com toda a bagagem que eu já tenho e ver no que vai dar não só ao final do semestre como na minha vida. Claro! Não podemos ficar divagando na superficialidade das áreas de conhecimento, isso é um fato. Eu preciso/devo sair da graduação sendo uma boa nutricionista, exercendo bem minhas funções como profissional "de saúde, que, atendendo aos princípios da ciência da Nutrição, tem como função contribuir para a saúde dos indivíduos e da coletividade. Ao nutricionista cabe a produção do conhecimento sobre a Alimentação e a Nutrição nas diversas áreas de atuação profissional, buscando continuamente o aperfeiçoamento técnico-científico, pautando-se nos princípios éticos que regem a prática científica e a profissão.". Não fui eu quem escreveu tão bem essas palavras sobre o profissional nutricionista, isto consta no código de ética da profissão. Como contribuir para a saúde dos indivíduos e da coletividade? A graduação mostra alguns caminhos, não todos, cada colega deve escolher por qual placa de orientação vai seguir, o primordial é não se deixar engessar e buscar sempre novas realidades mesmo nos cenários já conhecidos.

Pra mim é triste pensar em um mundo sem cooperação, sem empatia com o próximo. É difícil pra mim entrar em uma sala de aula sem perguntar quem são as pessoas que passarão no mínimo 20 noites ao meu lado. É triste pensar que muitas vezes eu entro e saio de uma sala de aula e não interajo com absolutamente ninguém, simplesmente chego, sento, escuto, escuto e escuto mais um pouquinho e vou embora levando algumas informações dentro de mim que podem daqui há algum tempo (talvez no máximo até o período de provas) cair no mar do esquecimento. Do que adianta serem criadas disciplinas multidisciplinares, onde vários cursos podem estar juntos com o mesmo professor, se não há uma inter-relação entre os cursos, eu entro e saio e ninguém fica sabendo o que a nutrição pensa sobre os temas abordados na aula. Essa dinâmica mecânica extrapola os muros das universidades fazendo com que sejamos multi em um mundo que que é inter, basta observar a natureza e perceber como tudo se relaciona, há uma sinergia que em algum momento desaprendemos. É por isso que eu tenho me permitido abrir espaço para o novo e não somente oportunizar que simplesmente esteja em mim como se eu fosse um depósito, mas que seja dinâmico e contínuo como um rio que por mais que pareça igual é diferente, mutável e transparente. 

"É pau, é pedra, é o fim do caminho, é um resto de toco, é um pouco sozinho, é um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã, é um belo horizonte, é uma febre terçã [...] São as águas de março fechando o verão, é a promessa de vida no teu coração". 

É a vida maluca cheia de coisas para viver e que triste seria se não pudéssemos mesclar para ver o resultado. São as águas de interdisciplinaridade construindo minha formação, uma esperança de vida no meu coração. 

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

O que vive dentro de nós

Por um acaso ou desatenção minha, hoje é um dia livre pra mim esse semestre, sem aula, sem reuniões, pelo menos por enquanto. Fiquei feliz de poder ficar em casa "all day" de pijamas e pantufas! o/ Engana-se quem pensa que fiquei de "papo para o ar", meu quarto estava esperando ardentemente por uma visita em caráter de faxina e bom, depois de algumas boas horas venci a bagunça acumulada ao longo do semestre passado (pasmem! ou não... :P). No meio da arrumação encontrei um registro do VER-SUS verão deste ano de um colega querido, não sei dizer como ele estava nas minhas coisas, mas alegrou minha tarde essa leitura! Compartilho aqui já que ao ler percebi que inúmeras são as situações em que essa reflexão se encaixa dentro de mim.

Dizem que a vida tem fim...
Algumas coisas nela não acabam
Temos perdas sim é verdade,
mas existem coisas que ganhamos que se eternizam.
Os gestos e as palavras de carinho, 
O beijo, o toque, o colo,
O amor e a alegria gerada
por laços que não tem fim
Para sempre irão nos acompanhar!
Nem tudo neste momento é dor
Lembre que: se existe dor é porque muita coisa boa ficou.
Nunca imaginamos que amaríamos tanto
Nem mesmo na infância
Terra fértil de sonhos
Tempos passados que na lembrança
ainda vivem, e assim, se fazem presente.
Muita coisa ficou e com carinho
iremos lembrar!

Jonas Hendler da Paz

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Um pouco de Cecília


Alheias  e nossas as palavras voam.
Bando de borboletas multicores, as palavras voam
Bando azul de andorinhas, bando de gaivotas brancas,
as palavras voam.
Viam as palavras como águias imensas.
Como escuros morcegos como negros abutres, as palavras voam.

Oh! alto e baixo em círculos e retas acima de nós,
em redor de nós as palavras voam.
E às vezes pousam.
Voo - Meireles, 1984

domingo, 4 de agosto de 2013

Era só uma legenda...

Oi gente!

Hoje não era um dia em que eu estava esperando escrever aqui. Queria simplesmente dar uma olhada rápida no meu facebook antes de dormir para então viver o último dia de férias. Nossa, essa frase ficou um tanto dramática, mas essa é a mais pura verdade, uma passada rápida pela "vida virtual" que está me rendendo mais esse registro. Entre um curtir, outro compartilhar e umas conversinhas bobas resolvo postar uma foto, não pela foto em si, mas pelo que gostaria de escrever na legenda da foto... bom, não preciso dizer que uma frase gerou outra frase, que gerou um parágrafo, que lembrou uma música e como não podia colocar tudo isso em uma legenda de foto vim para minha colcha de retalhos que dá mais liberdade de mesclar as ideias. 


Entrei no VER-SUS porque um dia uma professora me disse que tinha perfil. Perfil de quê? Perfil pra quem? Perfil por quê? Sei que minha professora não quis ser pejorativa quando disse isso, muitas pessoas usam essa palavra todos os dias para explicar muita coisa, de qualquer forma eu não gosto muito dela, não sei bem dizer porque, quando penso nela relaciono-a com "categoria", "caixinha", ex/includente de algo por possuir ou não competências para executar uma ação. Muitos sentimentos, projetos, expectativas. histórias e vivências me formam como pessoa e tudo o que eu já vivi até agora é diferente do que todas as demais pessoas no mundo viveram, isso faz de mim e delas sujeitos únicos nesse mundo. Sei que não é anormal da minha parte falar de unicidade, mas procuro considerar esse fator de suma importância para (tentar) entender o desenrolar dos processos na vida, seja perto ou longe de mim. 

Quando entrei por esse projeto conheci pessoas tão diferentes e ao mesmo tempo tão parecidas comigo, uma realidade que tem me paralisado. A cada contato as minhas diferenças se colidem com as demais, assim como as semelhanças, gerando inúmeros questionamentos. Até certo ponto era compreensível pra mim aceitar as diferenças, porém pensar nas diferenças dos outros em "harmonia" com as minhas semelhanças é algo confuso e conflitante. Essa mistura toda reafirma o meu estranhamento com relação ao uso da palavra "perfil" porque até mesmo as semelhanças existentes entre as diversas pessoas que fizeram e fazer VER-SUS comigo _sendo no espaço que for_ estão em proporções e intensidades diferentes entre si, como definir um padrão? Como estabelecer um equilíbrio, um caminho comum entre "onde estamos" e "para onde vamos"? QUE COISA MALUCA! 

Tenho consciência de que não encontrarei as respostas para os meus questionamentos num passe de mágica e que muita reflexão será necessária para desvendar quem sabe um deles. E a pergunta que não se cala: o que me faz ter perfil para estar no VER-SUS? E não somente nesse projeto, mas em todas as demais situações nas quais estive e estou inserida, o que me faz ser assim? Minha fé? Meus valores? Minha família? Amigos? Medos? Expectativas? Meus (des)encontros com as pessoas e com a vida? A mistura de tudo? A falta de alguma coisa? Interrogações não faltam só nesses parágrafos...

Talvez as minhas motivações para permanecer nesses espaços expliquem porque eu entrei neles, e para não me prolongar nesse sentido deixo o trecho de uma canção: 

"Começou como um sentimento
Que depois se transformou em uma esperança
Que se tornou então um pensamento quieto
Que se tornou então uma palavra quieta
E então essa palavra ficou cada vez mais alta
Até que se tornou um grito de guerra"
The call - Regina Spektor

Era só uma legenda, pra dizer o quão feliz eu estava de realmente ter criado amigos nesse projeto. Amigos que mesmo não me entendendo (quem me entende mesmo?) consegue tirar um sorriso sincero dos meus lábios; conhecem sonhar ideais parecidos com os meus mesmo que com caminhos diferentes; conhecem ir juntando as peças necessárias para construção; senão de um mundo, de uma realidade melhor para além de desejos individuais, para uma coletividade futura. Não quero com essa postagem desmerecer aqueles que até então fazem parte da minha vida, impossível negar o passado pois é ele quem me constitui, tenho muito carinho e apresso por isso, mas alegro-me com as novidades que se apresentam e espero conseguir mesclar tudo de maneira a conseguir colorir mais os meus dias, minhas histórias, construções e realidades. 

Era só uma legenda, para tentar registrar que apesar do cansaço esse esforço me faz bem, é uma parte concreta de um sonho por vezes bem distante, mas a cada bom momento como esses 12 dias torna-se um pouquinho mais possível. 

Era só uma legenda, para tentar agradecer a cada pessoa que fez e faz esses espaços possíveis, seja aqui em Porto Alegre ou lá longe na Itália. 

Era só uma legenda que pudesse transmitir os sentimentos que fervem dentro de mim e transbordam, as vezes em ações, outras em palavras, outras em lágrimas.

Era só uma legenda para dizer que cabe tudo isso e muito mais no meu coração.

Era só uma legenda para dizer: "PREPARA! Que agora é hora de começar a vivência..."

Era só uma legenda para dizer que saúde é a capacidade de gerar vida, uma capacidade intrínseca em cada ser humano: gente que gosta de gente, gente que se importa com gente, gente que é gente!

Era só uma legenda, era só.