sábado, 1 de junho de 2013

Prático, mas inútil.

Engraçado algumas situações que acontecem conosco, comigo principalmente, como ando muito de ônibus, van e assemelhados, tenho algum tempo para refletir sobre cenas dos meus dias que por mais banais que possam parecer rendem boas histórias. No início do semestre eu estava planejando a compra de material escolar, mesmo já na faculdade, eu AMO ir a livraria da biblioteca para escolher minhas canetas, agenda, cadernos, enfim, em alguns aspectos ainda tenho uma mente de ensino médio, assumo isso sem vergonha!


Entre os materiais que eu não precisava comprar estava um caderno, pois eu ainda tinha metade de um que seria o suficiente para as disciplinas que iria cursar nestes seis meses de aula. Acontece que entre uma prateleira e outra dou de cara com um "mini" fichário de capa florida, me apaixonei por ele que parecia leve e prático, não só para meu semestre mas para o restante do tempo que ainda tenho de faculdade. Não pensei duas vezes em comprar, nem considerei o valor que não era dos mais vantajosos, afinal, era tudo o que eu precisava no momento.

Bastou duas semanas de aula para eu perceber que por mais prático que parecesse o fichário, ele não estava de acordo com a personalidade da dona, uma pessoa desorganizada e distraída. Quantas folhas perdidas, molhadas, esquecidas... nunca pensei que tinta de caneta pesasse algo considerável (risos) o que somado aos anexos colados nas folhas fez com que o meu mimoso lugar de registros acadêmicos virasse um pesado e desastroso pesadelo florido! Ele pode ser prático, bonito, perfeito para muitas meninas por ai, porém pra mim tornou-se um instrumento inútil guardado na estante do quarto. Voltei ao meu bom e velho caderno, com o trabalho de passar a limpo os assuntos das aulas passadas.

Arrependida? Um pouco, mas contente de poder refletir sobre a relatividade das coisas e que por melhor que pareça um objeto, situação ou pessoa eu preciso avaliar sua presença inserida nos meus dias. Como eu vou lidar, usar, conviver com isso tudo? No caso do fichário era só voltar para o caderno, entretanto, em outra situação talvez não desse para voltar. Agora por isso todos os fichários são ruins e inúteis? De forma alguma! Um dia conseguirei usá-lo! Quem sabe...

"Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam." [1 Coríntios 10:23]

"Tens tu fé? Tem-na em ti mesmo diante de Deus. Bem-aventurado aquele que não se condena a si mesmo naquilo que aprova." [Romanos 14:22]

Relaciono essa cena da minha vida com os versículos acima porque eu posso fazer o quiser da minha vida, mas isso não significa que vou ter bons resultados com essas escolhas. Aquilo que não convém não está condicionado ao sentido de errado ou proibido, pode-se pensar também em algo que não se encaixa a situação, algo descontextualizado que ao se unir ao meu foco prejudica e/ou dificulta a fluidez dos acontecimentos no meu cotidiano. O impacto disso é proporcional a importância que damos ao que queremos e como queremos. 

Por fim é legal lembrar que somos pessoas únicas, semelhantes mas ao mesmo tempo muito diferentes dos outros indivíduos que nos rodeiam. Isso permite que as boas escolhas de alguns não sejam tao boas para outros e vise-versa. "Tens tu fé? Tem-na em ti mesmo..." significa que não posso mais sugerir, aconselhar ou intervir em situações alheias? Nada disso! Simplesmente (mesmo que muitas vezes isso não seja nada simples!), faz lembrar que cada um edifica o seu caminho do seu jeito e que assim a vida se desenrola tão diversamente. Claro, estou dando outro contexto as palavras de Paulo, mas sei que isso é benéfico, pelo menos trazer a memória esses trechos bíblicos dentro dessa vivência confirmou a importância de ponderar sobre minhas escolhas. Com certeza é melhor demorar um pouco mais para tomar uma decisão do que ficar como eu comendo gafes por ai.

3 comentários:

  1. Creio que toda essa questão do fichário vale pro terreno e pro espiritual também, afinal, nem tudo que é bom ou bonito pra todos vai ser bom e bonito pra mim. Tu já tinha algo para com que continuar o semestre, mas se "iludiu" com a beleza do fichário. Fichário esse que nem te trouxe tanta comodidade. Quantas milhares vezes nós rompemos o perfeito que temos com a ilusão de algo mais brilhante?
    Amei o texto, Brunete!

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  2. Super legal essa relação. E é de fato assim, quando fala-se que algo não "convém" é exatamente assim mesmo que temos que encarar, como algo descontextualizado, que no momento não é necessário, mas não quer dizer que seja proibido ou não.
    E o que é bom pra mim pode não ser pra você, e vice e versa.
    beijinhosss

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