"No es este el relato de unos años impresionantes, es un trozo de dos vidas tomado en un momento en que cursaron juntas un determinado trecho, con identidades,... y conjunciones de sueños. ¿Fue nuestra vision demasiado estrecha, demasiado parcial, demasiado apresurada? ¿Fueron nuestras conclusiones demasiado rigidas? Tal vez...Pero ese vagar sin rumbo por nuestra mayuscula America me ha cambiado más de lo que crei. Yo, ya no soy yo. Por lo menos no soy el mismo yo interior."
Ao terminar de assistir “Diários
de motocicleta” eu estava pronta para por minha mochila nas costas e seguir
rumo a qualquer lugar desconhecido da América Latina. Foi então que me lembrei de
dois grandes empecilhos: não sei falar espanhol tampouco tenho dinheiro para
pegar um ônibus até a fronteira com a argentina, hoje, bom deixar isso claro ;). Eu não conhecia a história do
Che, acho que menos do que o senso comum, vejo jovens que usam camisetas com
seu rosto, boton, etc e tal, eu inclusive já citei uma frase sua como legenda de foto no
facebook, certa incoerência da minha parte reproduzir algo sem entender seu
contexto, sua intensidade.
O filme mostra a história de um
jovem, tão jovem quanto eu, tão na faculdade quanto eu, tão sedento por ser
útil de alguma forma quanto eu. Minha mente não para de dar voltas depois de me
ser apresentada a esse guri que foi confrontado com a realidade do seu
continente. Confrontado com a injustiça, com o descaso, com o abandono. Posso
estar sendo simplista em minhas colocações já que não tenho tanto aporte
teórico e histórico para tal, mas me comprometo em ler e estudar mais para
poder escrever melhores textos a posteriori, ok?
Chamou-me muito a atenção a ideia
de identidade latino americana tão trazida durante o filme.
Tive a oportunidade de conhecer um paraguaio que “caiu de paraquedas” na última
edição do projeto VER-SUS (depois falo mais sobre esse projeto que é além do
interessante!) aqui na região, muitas foram às vezes em que ele falava que quer
contribuir para a saúde da América Latina, isso me marcou e fez com que eu começasse a pensar nessa questão dos países vizinhos. Eu nunca tinha me dado conta dessa
realidade, maior que o meu país, fico pensando se eu sou tão alienada assim, ou
se realmente o Brasil está desconexo desse pensamento. Fico pensando que ao
mesmo tempo em que há tanta coisa para ser feita na minha cidade, ao ampliar
meu quadro de visão os problemas só aumentam e me confrontam a fazer algo. Che
fez a seu modo dentro do seu contexto histórico, o que repercute hoje com
seguidores, indiferentes e críticos as suas ações. No seu lugar o que faria?
Não sei. Hoje o que tenho feito? O que
está ao meu alcance para estar junto com os marginalizados, com os tesouros
escondidos por ai pelo simples fato de não ter dinheiro ou um sobrenome digno
de receber prestígio?
Ah, eu fui muito tocada pelos 110
minutos de convivência com essa história. E realmente espero que consiga fazer
mais do que discorrer algumas palavras emocionadas sobre o assunto. É
impressionante que somos apresentados todos os dias a situações de injustiça e
parece que estamos anestesiados, que tudo é normal, faz parte do show.
Recuso-me e pensar dessa forma, triste verdade que alguns pensam sobre, menos
ainda fazem algo. Poderia aqui falar vários motivos que deveriam mover as
pessoas a fazerem alguma coisa, a saírem da sua zona de conforto, mas de certa
forma, estaria entrando na casa do julgamento e sinceramente não quero fazer
isso. Não quero apontar o dedo para ninguém, afinal toda a experiência que
vivemos é pessoal, e como na história, depois da viagem não surgiram dois
comandantes, mas apenas um.
Vou seguindo minha caminhada a
conhecer essas pessoas que fizeram a diferença em seus cenários. Longe de mim
almejar que meu nome seja conhecido como o dele, mas faço minha suas palavras,
que não sei se realmente foram deles ou foi uma fala criada pelo diretor, mas "eu quero ser útil de alguma forma". Acrescentando, eu quero me envolver, eu
quero abraçar, sentir e chorar junto com essas pessoas que não meus irmãos,
meus companheiros, com direitos iguais aos meus, eu não quero estar a parte
disso, não consigo pensar em escrever meus dias para meu próprio prazer: me formar,
ganhar dinheiro, ter filhos, constituir família, ficar velhinha, morrer, me
encontrar com Deus... quero todas essas coisas, mas pensar em fazer tudo isso sem fazer nada pelo próximo, sem me importar, fazer tudo
exclusivamente pra mim é vazio e sem sentido... eu não consigo e sinceramente nem quero tentar tal façanha, muitas pessoas já o fazem.
Preciso dizer que indico o filme?
Deixo uma música pra ajudar na digestão.
Amo toda a história do Comandante e esse filme é lindo. Sempre encontro-me com os olhos cheios d'água no final, ao ver seu amigo Granado olhar pro céu e mirar aquele avião e não mais ver seu fiel escudeiro, Ernesto.
ResponderExcluirTexto riquíssimo, Bru. Ainda mais olhado sob a minha visão, de alguém completamente enamorada pela América Latina. Parabéns!